A importância da técnica milenar do chute
Bons candidatos a cargos públicos geralmente dominam os múltiplos aspectos pelos quais se pode encarar uma prova. Tanto os aspectos disciplinares, quanto os extradisciplinares. Os primeiros são aqueles ligados ao estudo e à compreensão das matérias constantes do edital. Já os últimos relacionam-se àquela parte da preparação que não tem a ver, diretamente, com as disciplinas estudadas. São questões como bem-estar físico, estratégia de prova, preparo emocional, entre outras. A verdade é que, embora na maior parte das vezes a gente se preocupe apenas com os aspectos disciplinares, uma boa dose de preparação extradisciplinar pode ser decisiva. O ideal é atacar por todos os lados.
Interessa muito mais à Administração Pública um futuro servidor capaz de dominar essas diferentes abordagens, apto a lidar com a realidade sob os mais diversos ângulos, portador de uma visão dinâmica e flexível, focado sobretudo nos resultados, do que aquele que afunda a cara nos livros, compartimentaliza o conhecimento e engessa o aprendizado, esquecendo-se de fazer a devida vinculação deste a um contexto mais amplo e aos verdadeiros fins a que se destina.
Um exemplo típico de preparação extradisciplinar é o aperfeiçoamento na técnica do chute. Provavelmente, essa técnica deve ter nascido simultaneamente com a primeira prova ou o primeiro questionário da história da humanidade, há centenas ou milhares de anos. O importante é saber que ela vem evoluindo ao longo do tempo e, atualmente, já se encontra sistematizada por alguns autores. Saber chutar bem é algo que, por incrível que pareça, comprova um tipo de habilidade e de talento específico que é de grande valia nos dias de hoje. Além de todo o domínio de uma técnica milenar, o bom chutador lança mão de qualidades preciosas, como a capacidade de improvisar diante do desconhecido, de solucionar problemas para os quais não havia conhecimento prévio, de adaptar-se a novos contextos e administrar eficientemente situações inesperadas. E essas aptidões também interessam a um funcionário público que prima pela excelência.
Certa vez, um professor me disse que algumas bancas se esforçam por usar “sistemas antichute”, a fim de coibir e intimidar os candidatos, referindo-se, sobretudo, ao modelo de prova adotado pelo Cespe, no esquema ‘uma errada anula uma certa’. Contudo, se interessasse às bancas banir de uma vez por todas o chute, as provas seriam quase sempre subjetivas. Aí, não teria pra onde correr. Por que será que elas não fazem isso? Bem, no meu entender, uma das razões é o interesse que elas têm em avaliar o perfil dos candidatos de maneira global, e não só do ponto de vista do domínio do edital. Elas sabem que determinadas deficiências podem ser compensadas por outras habilidades.
Hoje em dia, com o amadurecimento das teorias gerenciais, fala-se muito em “gestão pública empreendedora”. Numa rápida definição, essa seria uma gestão moderna, capaz de atender às novas demandas da sociedade e antecipar tendências, pelo exercício da criatividade e do espírito de iniciativa próprios do empreendedorismo privado. Pois bem: que melhor oportunidade tem um futuro servidor de demonstrar iniciativa e criatividade numa prova objetiva do que quando, perspicaz e audaciosamente, resolve empregar a técnica do chute em uma questão? Óbvio que não falo daquele chute direto no cartão-resposta, mas do “chute inteligente”, que vem de uma reflexão, de uma ponderação abstrata acerca do enunciado e suas alternativas.
Outro aspecto notável é que, do ponto de vista psicológico, é bem mais excitante acertar uma questão na base do chute (sempre, o “chute inteligente”) do que uma respondida com conhecimento de causa. A emoção tende a ser muito maior. Por isso, jamais se pode dar uma questão como perdida na primeira leitura, ainda que o assunto seja completamente estranho. O ideal é relê-la e procurar algum sinal que nos permita salvá-la. Comparo essa situação com a do jogador que vai buscar uma bola quase perdida na linha de fundo, acredita na jogada impossível e, no fim, consegue marcar o gol. É muito mais gratificante do que fazer um gol, digamos, de pênalti.
Conferir o gabarito oficial de uma prova de concurso é uma espécie de montanha russa emocional: uma trilha cheia de altos e baixos. Particularmente, considero que os pontos mais altos, os ápices, acontecem quando a resposta chutada por mim é confirmada pela banca. É incomparavelmente mais prazeroso do que acertar uma questão cujo assunto eu já dominava. Por um momento, chega a dar uma sensação de onisciência.
Que coisa mais sem graça seria se nós fôssemos como máquinas capazes de acumular todo o conhecimento mecanicamente, a ponto de responder a todas as questões de uma prova difícil, como as da Receita ou da Polícia Federal, sem pestanejar. A aprovação seria certa, mas não teria nenhuma emoção, nenhum sentimento de heroísmo. Nas provas de concurso, a graça vem justamente porque a gente não sabe tudo, não tem certeza absoluta da aprovação e às vezes tem que recorrer a técnicas outras que não o mero conhecimento teórico.
É claro que não estamos aqui recomendando que ninguém pare de estudar ou que passe a privilegiar mais o chute do que os estudos. Isso seria completamente insano. O estudo deve ser sempre o foco principal, o alicerce mais importante. Estamos, apenas, tentando mostrar que aspectos extradisciplinares podem ser mais decisivos em uma prova do que aquilo que suspeitamos. Há algum tempo, um colega veio me perguntar se era possível passar em um concurso como o da Receita só na base do “chutômetro”. Como não acredito no impossível, respondi: “Possível é, mas se você tiver uma sorte dessas, é bem melhor aproveitá-la para jogar na Mega-Sena acumulada. Pra que ficar perdendo tempo com concurso?”.
Para quem não nasceu com essa sorte toda, o melhor é estudar, e estudar muito. Estudar muuuuuuuuuuito mesmo! Mas sem esquecer que há fatores que, aliados ao aprendizado e ao conhecimento adquirido, podem potencializar os resultados. As técnicas do chute são, sem dúvida, um bom exemplo disso. No entanto, se não combinadas com o estudo sério e aplicado, por si sós, elas não podem fazer muita coisa por um candidato. A não ser chutá-lo para fora da disputa!
Marchezan
PONTO DOS CONCURSOS
10:41
|
Marcadores:
Artigos
|
As portas do futuro estão abertas
Presente é o aqui e agora, acorde
Respire, medite, acredite
Ocupe
Verá que vale a pena vencer a si mesmo
Aprimore os seus conhecimentos
Navegue nas fontes sabias do tempo
Descubra que sonhos são metas, alcance-as
Objetivos são passos, dê o primeiro
Vença os seus medos
Observe com amor as suas qualidades
Conquistas são conseqüências de vitórias e derrotas
Então esteja preparado, juntos vamos vencer
Lincoln Lafitte
- Português
- 1000 Perguntas e Respostas
- 1001 Questões
- Administração Geral
- Administração Pública
- AFO
- Arquivologia
- Artigos
- Atualidades
- Áudio Jus
- Comércio Exterior
- Conhecimentos Bancários
- Contabilidade Geral
- Correios
- Cursos
- Dicas
- Direito Administrativo
- Direito Ambiental
- Direito Civil
- Direito Comercial
- Direito Constitucional
- Direito do Consumidor
- Direito do Trabalho
- Direito Eleitoral
- Direito Internacional
- Direito Penal
- Direito Previdenciário
- Direito Processual Civil
- Direito Processual do Trabalho
- Direito Processual Penal
- Direito Tributário
- Direitos Humanos
- Economia
- Espanhol
- Estatística
- Geografia
- História de Vencedores
- História do Brasil
- Informática
- Inglês
- Interpretação de Textos
- Legislação
- Legislação de Trânsito
- Legislação Especial
- Mapas Mentais
- Matemática
- Medicina Legal
- Motivação
- Notícias
- Português
- Primeiros Socorros
- Provas
- Raciocínio Lógico
- Redação
- Relações Internacionais
- Resumos
- Revistas
- Vestcon
- Vídeos
Seja nosso seguidor
Quantas horas você estuda por dia?
Dicionário de Português
Sugestões
Acessos:
Parceiros
My site is worth$2,612.6Your website value?
0 comentários:
Postar um comentário